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 De volta às origens

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Andrômeda Black

Andrômeda Black


Mensagens : 1
Data de inscrição : 29/10/2016

De volta às origens  Empty
MensagemAssunto: De volta às origens    De volta às origens  Icon_minitimeQui Nov 03, 2016 3:57 pm




Andava pelos corredores de sua casa carregando as caixas empoeiradas. Era uma casa grande e sofisticada, não tanto quanto a mansão Black, mas devidamente adequada ao seu nome. Ela mesma projetara aquela casa, planejou minuciosamente cada detalhe e contratou bruxos competentes para que a construíssem e o resultado era ainda melhor do que ela esperava. Depois de todos os eventos instalou-se na Irlanda e pouco a pouco restabeleceu contato com Nicky. Foi difícil, no início ela mostrou resistência e Andrômeda não tirava sua razão. Mas acabou conseguindo reaproximar-se da filha abrindo para ela todos os segredos que guardou consigo enquanto era uma Tonks. Precisaria ainda de tempo para formarem uma conexão decente, mas ela estava determinada a demorar o quanto precisasse para isso. Já havia tomado decisões erradas o suficiente para três vidas.
Levou a caixa até o segundo andar e sentou-se em sua cama. Tinha decidido aquilo pela manhã, assim que levantou-se decidiu que devia retirar as fotografias do sótão e colocá-las ao menos em seu quarto. Não podia continuar negando eternamente as partes mais importantes, apesar das mais difíceis, de sua vida. Havia poucas fotos, tinha se livrado de todas as fotografias trouxas junto com a casa antiga. A primeira que suas mãos alcançaram foi uma das mais antigas, Andrômeda aos 20 anos comemorando o aniversário de um ano de seu primeiro filho. O rostinho da criança era nítido, ele corria pelo gramado indo até ela para alcançar um pequeno pomo de ouro de brinquedo voando pelo ar. Ela havia tirado a foto, então o ângulo permitia perfeitamente ver os cabelos e olhos escuros do bebê. Até hoje ela se perguntava o que tinha sido mais forte na época para tomar as decisões que tomou: se o amor por Ted Tonks ou o medo das opções que teria caso não o amasse. Independente do que ela sentia na época isso havia sido forte o suficiente para cegá-la completamente. Olhando a fisionomia de seu filho era tudo muito claro e mesmo tantos anos depois podia lembrar-se, ainda que com pouquíssimos detalhes, do fatídico feriado de Páscoa que levara à concepção daquela criança. Mas sua versão de 18 anos fora incapaz de pensar nessa alternativa naquele momento específico, estava transtornada e determinada demais para afastar-se de Ted e enfrentar o que significaria ser uma moça Black solteira grávida de Rodolphus Lestrange, noivo de sua irmã. Fora de fato mais fácil fechar a mente para essa possibilidade sem nem ao menos pensar e dar continuidade aos planos que já havia traçado.
Abandonar a família havia sido provavelmente a coisa mais difícil que Andrômeda fez, apesar de sempre ter discordado de muitas coisas que os Black consideravam essenciais, o sangue Black nunca deixou de correr em suas veias e tentar negar essa natureza a destruiu gradualmente ao longo dos anos. Primeiro havia tudo sido muito bom, a presença contínua de Ted a acalmava e fazia todo o sacrifício valer a pena. Os dois passaram belos momentos juntos e naqueles primeiros meses sua decisão parecia a mais adequada do mundo. O nascimento de seu filho, então, fora o primeiro dos problemas. Não que ela quisesse dar a ele o tipo de criação proporcionada por Druella, mas os costumes trouxas de Ted começaram a se tornar insuportáveis quando interferiam na educação do bebê. Ainda mais quando a consciência da verdade a respeito da criança tomava corpo em sua mente. Todos diziam que ele havia puxado mais a aparência de Andrômeda com os cabelos negros, mas ela sabia que era extremamente parecido com o pai, após um certo tempo abriu os olhos para o fato de que aquela criança não era filho de Ted. Seu pequeno menino era um Lestrange que ela havia arrastado para o meio trouxa. E então era tarde demais para voltar atrás.
A tolerância foi tornando-se cada dia menor e após dois anos ou três ela conseguiu admitir para si mesma o quanto sentia falta de seu universo puramente bruxo, o quanto ela realmente desdenhava os costumes trouxas dos Tonks. Era uma forma diferente de lidar com aquilo, Andrômeda não os abominava no início, apenas os tolerava quando não faziam parte de seu universo. Mas, após o casamento, tornava-se cada dia mais claro que teria de abrir mão de muito mais para tornar-se Andrômeda Tonks. Dizer adeus à família foi apenas o primeiro deles e agora ela precisava dizer adeus a partes muito essenciais de si mesma.
Foi quando engravidou de Nymphadora e a saúde de seu menino começou a mostrar-se frágil. Tentar salvar o filho incessantemente a impediu que fosse a mais presente das mães nos primeiros anos da filha mais velha. Assistir então o pequeno menino de cabelos negros morrer diante de seus olhos destroçou o coração de Andrômeda de uma forma tão violenta que ninguém seria capaz de reparar. Aquele pequeno corpo pesando frio sobre seus braços, a pele pálida destacando ainda mais o escuro de seus cabelos ainda a assombrava diariamente. Seu filho, seu tesouro sangue puro, o pedaço de si que estava com ela desde antes de sua vida mudar radicalmente, a âncora que a ligava a quem ela realmente era agora não existia mais. Ele era o último resquício de seu antigo mundo, o último lembrete de quem era Andrômeda Black, e agora ela não tinha ninguém mais para se apoiar. Certamente ela teria entrado no limbo se não tivesse outra criança em sua vida. Nem mesmo Ted era mais capaz de remendar os destroços que haviam se formado em seu interior. Mas era necessário levar sua vida adiante, precisava erguer-se. As doses diárias da poção foram o suficiente para mantê-la viva. Uma mistura de alguns elementos da amortentia com outros de uma certa poção da resignação que havia estudado certa vez. Uma mistura exata que ela desenvolveu para si mesma, tudo o que ela precisava para viver como Andrômeda Tonks sem enlouquecer.
E de fato funcionou bem. Conseguiu viver conforme as expectativas sem deixar que Ted desconfiasse, enterrou as mágoas que a assolavam e os anos passaram quase que em paz. Tudo correu tão conforme o planejado que ela nem ao menos percebeu que o amor verdadeiro que sentia pelo marido deixou de existir e os efeitos da poção tomaram seu lugar. E teria continuado assim pelo resto de seus dias se não tivesse visto seu mundo desmoronar na guerra. Perdeu sua família novamente não muito depois de ter sido “traída” por Nicky, uma parte secreta de si ficando feliz de saber que o sangue Black não havia se perdido completamente dentro de si e havia sido passado adiante. Parte essa que entrou em ebulição com a morte de Ted e Nymphadora, todo o esforço em montar sua nova identidade ao lado do marido entrou em colapso e ela não sabia mais quem de fato era.
Honestamente não sabia nem quantos dias passou trancafiada em casa após a perda sem enxergar nada a sua frente. Não sentia fome ou sede, sentia  nada e tudo ao mesmo tempo. Em um momento lembrava-se que precisava tomar a poção, mas no meio do caminho esquecia novamente. O choro de seu filho parecia ecoar pelas paredes da casa esporadicamente e ela passava um bom tempo andando pelos cômodos tentando achar o quarto do bebê até perceber que não tinha mais bebê. Nem seu filho, nem Nymphadora, nem Nicky.
Nicky. Ela não estava morta, os outros estavam, mas ela não. Precisava encontrá-la, precisava de sua filha. Aonde estava com a cabeça quando a deixou partir? Aonde estava com a cabeça quando ela mesma partiu 30 anos antes…? E então sua mente a levava de volta à mansão Black. Com Bellatrix e seu temperamento impetuoso, as duas rindo juntas de algo que acontecera em Hogwarts, provavelmente alguma festa. Narcissa já uma dama desde a mais tenra idade era o xodó de Andrômeda, às vezes ainda lembrava-se da sensação de pentear seus cabelos louros e abraçá-la à noite… Mas ela não estava na mansão Black, olhava-se no espelho e via uma imagem completamente diferente do que queria ver. Não reconhecia a si mesma. Lembrava-se novamente de tudo o que havia acontecido, o choro de seu bebê adentrava seus ouvidos novamente e o ciclo reiniciava.
Sabe-se lá como ela conseguiu sair desse limbo. Recobrou a consciência aos poucos e livrou-se de cada objeto que mais odiava naquela casa. Móveis, roupas, objetos. Tudo que a lembrava a parte de si que mais detestava foi sendo descartado. Sobrou uma mala com seus pertences mais antigos. Olhou para aqueles objetos e quase conseguiu sorrir. Apenas precisava se livrar daquela maldita casa. E foi exatamente o que fez, deixou extravasar toda a raiva que nunca conseguiu expressar, toda a angústia que ela reprimira, toda a saudade que sentia da vida que tinha antes, a tristeza de ter perdido tanto a vida que havia deixado para trás quanto a vida que escolheu ter aos 18 anos. Conscientemente, sabendo bem agora o que acontecia ao seu redor, Andrômeda deixou esses sentimentos saírem em gritos, lágrimas e uma forma quase involuntária de magia que estremeceu as paredes da casa até que tudo colapsasse. Aparatou então dali, deixando sua antiga vida para trás com os destroços daquele lugar.
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