Flashback do castigo

A
vida era o pior dos infernos sem ter o seu irmão por perto, e nem havia completado um dia de castigo ainda. Se revirava em sua cama, lia um parágrafo ou outro de algum livro, jogava algo, mas nada parecia ser bom o suficiente para livrá-la da dor de ter Amico longe. Estava se deitando novamente quando ouviu batidas em sua janela, um enorme sorriso surgiu e foi abrí-la, o puxando rapidamente para dentro. - Não. - Abraçou o irmão com força.

C
omo e agora? Podemos viver apenas nós dois, longe desses filhos da puta que nos separam. - Alecto nunca tivera tanta certeza em sua vida, amava seu irmão e não podia negar aquilo, não mais. Havia mentido uma vez que não se lembrava, mas não podia mais fazer, o queria mais do que tudo e não seria seus pais que a impediria de tê-lo.

A
s palavras de Amico tiraram seu chão e ela pode sentir as lágrimas vindo aos olhos. Ele não a amava do modo que o amava. Se afastou alguns passos para trás, negando levemente com a cabeça. - É claro que eles estão certos... - Deixou a frase morrer no ar, mantendo a voz firme. Como Amico podia dizer aquilo? Foi pior que levar um tapa da mãe, pior que aquele maldito castigo, pior do que tudo.

E
stremeceu com o toque em seus braços e com suas palavras seguintes, embora sentisse que não era bem daquele jeito o amor dele. Fez um leve aceno positivo com a cabeça. - Eu também te amo, mais do que tudo. - Engoliu as lágrimas, respirando fundo algumas vezes. Havia passado a noite e aquele dia pensando, que quando saíssem do castigo, poderiam fugir e viver juntos, mas agora via, que nada daquilo seria possível.

M
ordeu seu lábio inferior com força quando ele a virou de frente. O que Amico disse apenas terminou de acabar com ela e teve que fazer umas força descomunal para desabar em lágrimas ali. - É errado, você tem razão, todos tem. Somos irmãos, não é mesmo? - Forçou um sorriso, levando uma das mãos para acariciar o rosto dele.

A
rqueou uma das sobrancelhas, se afastando um pouco de suas mãos. Seu mundo estava quebrado ao meio, seu coração em um estado pior ainda e não conseguia pensar direito. - Se fosse diferente, não seríamos irmãos. - Tentou brincar, um pequeno sorriso brotando em seus lábios. Se voltou para a cama, encostando a costas nos travesseiros. - Mamãe vem aqui daqui a pouco trazer comida…